Ricardo Ferreira: “A igualdade de género é algo que nos faz querer agir”

A 6ª edição do mostrART regressa pela quarta vez ao nosso Centro, onde se prolonga até dia 2 de setembro. Falámos com Ricardo Ferreira, presidente da ArtMatriz – Associação Cultural e Artística, organizadora da exposição que junta fotografias sobre a igualdade de género de 30 artistas de todo o mundo.

Como surgiu a ideia desta exposição? 

O mostART surge no âmbito da actividade da ArtMatriz-Associação Cultural e Artística, no sentido de criar um evento que conjugasse várias linguagens artísticas. Nas suas primeiras edições, por exemplo, o mostART apresentou cruzamentos entre fotografia, pintura e poesia. A partir da 3ª edição optamos pela ilustração e fotografia, pois, por um lado, consideramos que a pintura e a poesia estavam já bastante no centro da nossa actividade enquanto associação cultural, e por outro lado porque queríamos tentarmos destacar o trabalho de ilustradores e fotógrafos com trabalhos de impacto num contexto global.

O que têm todos em comum os 30 artistas que participam nesta mostra? 

Nesta 6ª edição temos a participação de cerca de 30 artistas, de lugares tão díspares como Chipre, Índia, Brasil, República Checa, Polónia ou Turquia. E, claro, de artistas portugueses, alguns vianenses, inclusivamente. Em comum têm a disponibilidade generosa de partilharem a sua arte e  a total liberdade de expressão criativa que lhes permite participar num projeto com este tipo de dinâmica, fazendo chegar a sua mensagem e no fundo, a sua obra, a um público diversificado.

Igualdade de género foi o tema escolhido para esta edição. Porquê?

A escolha dos temas segue um princípio de participação e reflexão social. A ArtMatriz – Associação Cultural e Artística é uma associação sem fins lucrativos, que procura intervir na comunidade, seja através da divulgação cultural e artística, seja através da consciencialização para assuntos que consideramos importantes. No passado abordamos temas como a liberdade de expressão, a violência doméstica ou o bullying. Se tivermos em consideração que a exposição, para além dos espaços permanentes, como o EstaçãoViana Shopping, em que está patente, também segue em itinerância pelos agrupamentos escolares do distrito durante o ano letivo, faz todo o sentido despertar as consciências e promover a sensibilização e a discussão. A igualdade de género é algo que é importante, que nos faz querer agir. Sabemos que no nosso país, de uma forma geral, o tratamento não é o mesmo para homens e mulheres. Isto é verdade, na maior parte das vezes, quando falamos de uma superioridade do género masculino, em diversas dimensões da vida. Contudo, a igualdade de género vai para além disso. Não se trata de sermos todos iguais no sentido de não haver especificidades, mas de sermos iguais nos direitos e deveres. Em todo o mundo todos sabemos que o género com que nascemos nos pode condicionar pela negativa, e não devia.

Qual o objetivo maior desta iniciativa? 

Creio que não erramos ao pensar que não conseguimos mudar tudo, mas temos a certeza de que aquilo que conseguirmos, temos obrigação de o fazer. A imagem é muito poderosa, pretendemos contribuir para a mudança.

Expor num centro comercial é diferente de ocupar outros espaços na cidade?

Sim, é. A visibilidade e o número de visitantes, desde logo. O acesso à arte deve ser o mais facilitado que for possível. Se nós sabemos que muitas pessoas não se dirigem a uma exposição propositadamente, levamos um evento deste género (que tem as suas circunstâncias próprias, como já referi) até às pessoas. Saliento que no caso de Viana do Castelo o acesso a exposições e atividades culturais do género não é diminuto, mas o exemplo do EstaçãoViana Shopping, que promove várias exposições ao longo de todo o ano, dando-lhes grande destaque, deveria ser seguido por outros espaços comerciais.

Que público esperam captar?

Todo. Quem vai ver a exposição porque conhece a actividade da associação; quem passa pelo espaço porque vai às compras ou porque anda a a passear; o casal de namorados que vai ao cinema; os pais que levam os filhos adolescentes a jantar; os apreciadores de ilustração; os fotógrafos; os professores; os jornalistas; os turistas; os homens, as mulheres. Todos somos parte interessada neste tema.

Um convite a todas as pessoas para irem ver esta exposição até dia 2 de setembro?

O melhor convite seria dar a ler as mensagens que nos têm sido deixadas nos livros de honra das outras edições, ver como estes temas nos tocam, nos emocionam, como este tipo de linguagem, o da ilustração e fotografia, nos faz pensar. Não se pretende condenar opiniões, tradições, apenas levar à reflexão, enriquecer. As obras são belíssimas, todas magníficas. Uma imagem vale mais que mil palavras, dizem. As obras do mostrArt provam o quão certa está esta frase.

Clique na imagem e descubra na galeria alguns dos trabalhos que vai poder encontrar expostos no piso 1 do nosso Centro até 2 de setembro!

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